sexta-feira, 23 de julho de 2010

Para comprensão do Fascismo(3 e Final)

10. Essa personalidade superior é a nação, porque é Estado. Não é a nação que cria o Estado segundo o velho conceito naturalista que serviu de base à exaltação dos Estados nacionais no século XIX. Antes, a nação é criada pelo Estado, que dá ao povo consciente da própria unidade moral uma vontade e, portanto, uma existência efectiva. O direito de uma nação à independência deriva, não de uma consciência literária e ideal do próprio ser, nem tão-pouco de uma situação de facto mais ou menos inconsciente e inerte, mas de uma consciência activa, de uma vontade política em acção e disposta a demonstrar o próprio direito, isto é, de uma espécie de Estado já in fieri. De facto, como vontade ética universal, o Estado é criador do direito.
11. A nação como Estado é uma realidade ética que existe e vive enquanto se desenvolve. Se parar, morre. Por isso, o Estado não é somente a autoridade que governa e dá forma de lei e valor de vida espiritual à vontade individual, é também força que fez valer a sua vontade no exterior, obtendo reconhecimento e respeito, isto é, demonstrando factualmente a sua universalidade em todas as determinações necessárias do seu desenvolvimento. É, portanto, organização e expansão, pelo menos virtual. Pode assim adaptar-se à natureza da vontade humana que no seu desenvolvimento não conhece obstáculos e se realiza provando a própria infinitude.
12. O Estado fascista, forma mais alta e poderosa de personalidade, é força, mas força espiritual. Esta concentra em si todas as estruturas da vida moral e intelectual do homem. Não pode limitar-se a simples funções de ordem e de tutela, como pretendia o liberalismo. Não é um simples mecanismo que limita a esfera das chamadas liberdades individuais. É forma, norma interior e disciplina da pessoa na totalidade; penetra na vontade como na inteligência. O seu princípio, inspiração central da personalidade humana vivendo em sociedade, entra nas profundidades e instala-se no coração do homem de acção, do pensador, do artista, do sábio: alma da alma.
13. Em síntese, o Fascismo não é somente promulgador de leis e fundador de institutos, mas educador e promotor de vida espiritual. Pretende refazer, não as formas da vida humana, mas o homem, o carácter, a fé. Para alcançar este fim, necessita de disciplina e de autoridade que penetrem nos espíritos, dominando-os incontestavelmente. O seu emblema é, pois, o feixe dos Lictores, símbolo de unidade, de força e de justiça.

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